Que as nossas palavras tomem nossos corpos e mentes – n. 06

Que as nossas palavras tomem nossos corpos e mentes – n. 06

Punk, tatuadora, escritora, editora, zineira, anarquista, feminista, isto é um pouco de quem é Marina e sua vida rodeada e misturada com tantos projetos e realizações. Vamos se inspirar um pouco?

1. Como você vê a importância das suas produções para a comunidade em que você está inserida?

Bom, eu parto da ideia de que todas as produções, ações e intervenções das pessoas em uma comunidade tem uma grande importância pros rumos que essa mesma comunidade segue – rumos que nem sempre são bons, obviamente. Mas dentro disso, sempre procuro pensar em projetos que contribuam para mudanças, questionamentos que considero pertinentes e que sejam relevantes pras nossas lutas mais amplas – que não se resumem a comunidade em si. Acho que no fim das contas é essa soma de produções, criações e ideias fervilhando que são importantes pra manter vivas nossas comunidades de resistência. Então os projetos que me envolvo são uma contribuição dentro dessas iniciativas todas.
Metade da minha vida foi inteiramente voltada a criar e produzir coisas dentro da comunidade anarcopunk/anarquista. Atualmente tenho um projeto que chama Imprensa Marginal (uma editora e distro anarcopunk que também faz algumas oficinas de produção/encadernação de livros de tempos em tempos); tem a Anarco-Filmes Produções, um projeto de produção de documentários anarquistas e de divulgação das lutas sociais que sempre faz parcerias com outros projetos/coletivos de vídeo anarquista/popular/periférico; o Festival do Filme Anarquista e Punk de SP, que em dezembro vai ter a quarta edição; o site anarcopunk.org (que atualmente conta com participação de pessoas de cidades/estados/países diferentes); e fora isso sempre acabo me envolvendo em organização de atividades, debates, feiras de cultura punk, gigs, publicações, e outras conspirações não só anarcopunx/anarquistas/feministas/antifascistas, mas também com outros coletivos, movimentos, espaços e redes com quem rola um diálogo massa.

2. Acha a existência desta comunidade essencial? Porque?

Eu entendo e vivo a cena punk/anarquista como uma comunidade – onde interação, participação, diálogo, respeito, etc. são extremamente importantes. Mas muitas vezes acaba existindo nesta mesma cena uma lógica que tenta tornar isso tudo apenas um meio de consumo em que as pessoas assumem o papel de consumidores ou expectadores de algo – perdendo qualquer envolvimento mais real nos rumos e na construção coletiva dessa comunidade. Por isso acho importante que cada vez mais a gente caminhe para a formação e fortificação dessas comunidades e redes de contatos, ações e intercâmbios – que possam fortalecer formas de vida, convivência, relação e luta de uma perspectiva libertária, feminista, anti-autoritária e anti-capitalista. Passar a nos ver enquanto comunidade é algo essencial também para que possamos construir formas concretas de responsabilização e desconstrução de todos os valores sociais que questionamos. Se somos todxs parte de uma mesma comunidade, as ações e posicionamentos de cada uma das pessoas é essencial para os rumos que seguimos.

3. Como você envolve o seu projeto, as suas produções, no seu cotidiano, na sua vida?

Na verdade não consigo dividir os meus projetos e produções da vida cotidiana, porque essas duas coisas caminham inteiramente grudadas – são uma coisa só. Minha forma de viver, me organizar, trabalhar e me relacionar com as pessoas está totalmente ligada com as ideias políticas, culturais e projetos que tenho. Se busquei, por exemplo, uma forma de trabalhar e me sustentar que me dá autonomia em diversos sentidos (no meu caso a tatuagem), e me permite organizar por mim mesma o tempo que tenho no cotidiano pra poder levar adiante meus projetos punks/anarquistas, isso é um reflexo direto da forma como vejo o mundo e dos próprios projetos em si. Enfim… trabalho, relações, convivências, vida cotidiana, produções anarcopunks/anarquistas, coletivos, organizações, projetos, amizades, etc. são todos pontos que seguem interligados, influenciando uns aos outros todo o tempo.

4. Você acha importante ir além do punk/hardcore/anarquismo e chegar com suas ideias para outras pessoas?

Sim, acho que isso é essencial. Por mais confortável que seja criar uma “bolha” onde teoricamente as pessoas pensam, agem e tem gostos/posicionamentos mais parecidos – o que na prática a gente sabe que não é bem assim – é extremamente importante que a gente consiga romper essa “bolha” punk/anarquista e seguir para além. Se nos fechamos nessa bolha como um fim em si mesmo, todos os nossos questionamentos, iniciativas e lutas acabam igualmente sendo um fim em si mesmas, e bom… a ideia não é essa, né? E esse embate de visões de mundo é muito importante, nos leva pra rumos mais livres e diversos, afinal a ideia nunca foi criar um mundo unicamente punk ou anarquista, e sim provocar diálogos e construções coletivas mais amplas baseadas em liberdade, anti-autoritarismo, horizontalidade, etc.

5. Quais são os próximos planos? Envie-nos link de fotos e um video que acha legal.

Estou em um momento de rever muitas coisas na vida e nos projetos que faço parte, e esse processo tem sido bem importante pra mim, embora por outro lado deixe algumas coisas mais confusas e estranhas por um tempo. Mas bom, no momento estou filmando entrevistas pra um documentário que há anos estou organizando, sobre a história do movimento anarcopunk no Brasil dos anos 90 – que por ser um projeto muito grande vai acabar virando não um, mas vários pequenos documentários; conspirando novas publicações pra Imprensa Marginal, e outras ações coletivas.
Deixo aqui o link pro documentário sobre a Casa da Lagartixa Preta, que fiz em conjunto com a Do Morro Produções no ano passado:

E de fotos, o álbum da mana Elaine Campos, que sempre está por aí registrando as movidas feministas/anarquistas/punks com suas lentes – https://www.flickr.com/photos/elainecampos/albums

Que as nossas palavras tomem nossos corpos e mentes – n. 05

Que as nossas palavras tomem nossos corpos e mentes – n. 05

Nesta edição vamos conversar um pouco com o Nelsinho!! Uma pessoa incrível que ficamos mais próximos por esses tempos e já nos ensinou muita coisa, além de ter trazido muita inspiração. Sua dedicação e sua paixão pelo Hardcore encata qualquer um! Leia e inspire-se!

1. Como você vê a importância das suas produções para a comunidade em que você está inserido?

Vejo da forma magica que funciona o “Faça Você Mesmo”. Você vê as pessoas produzindo coisas usando apenas seu esforço e força de vontade para produzir. E que vão impactar ou não de maneira incrível a vida de terceiros. Assim como mudou a minha vida, tanto em exemplos negativos e positivos e tem sido assim na minha vida nos últimos 17 anos. Lembro muito bem que quando vi outras pessoas que não tinham dinheiro assim como eu, montando bandas punks, isso me inspirou a também ter uma banda, isso em 1999. Em 2001 eu via os E-zines fazendo um trabalho horroroso de jaba imitando a “midia considerada tradicional”, isso me motivou a montar meu próprio e-zine e fazer diferente durante 10 anos. Em 2003 quando eu fui na primeira Verdurada e aquilo explodiu minha cabeça, mudou minha forma de ver o mundo e de como ser punk. E eu nem imaginaria que 9 anos depois eu iria organizar o mesmo evento na minha região. Isso não é magico?

2. Acha a existência desta comunidade essencial? Porque?

Eu acho que os modos de vida alternativos são essenciais partindo do preceito de que não aceitem a vida que nos é imposta. Porque o sistema tem ao favor deles as mais diversas formas de manipulação. O estado, a mídia, as religiões e o próprio jogo politico faz de nós pessoas nascidas e criadas dentro das periferias inimigas de nossos iguais, o povo contra o povo. Escuto aqui nas ruas do meu bairro pessoas reclamando de cotas raciais e de programas sociais como bolsa família, pessoas defendendo e repetindo o discurso do patrão aos montes

3. Como você envolve o seu projeto, as suas produções, no seu cotidiano, na sua vida?

Bom o punk é minha principal escola, onde eu me encontrei e decidi que iria fazer dessas convicções minha vida. O “Hardcore Choice” acaba sendo um aprendizado de trocas de vivencias que se reflete nas letras das minhas bandas, escolha de caminhos a seguir e por ai vai. Assim como o “Faça você mesmo” é emponderador o punk também é.

4. Você acha importante ir além do punk/hardcore/anarquismo e chegar com suas ideias para outras pessoas?

Eu acho que sim. Num coletivo do qual participamos entre 2012 e 2013 realizamos um projeto com oficinas de Veganismo popular, bate papos sobre álcool e drogas e shows nas periferias mais extremas de Sorocaba, lugares muito parecidos dos quais vivi e vivo. Onde vivem pessoas que moram em lugares esquecidos pelo estado e por todos, o interesse de adultos e crianças e toda a vivência ali presenciada foi uma coisa muito forte motivadora. Mas muito além do que isso que fizemos, um outro exemplo são dois projetos que acontecem aqui em Sorocaba: o Girls Rock Camp Brasil e o Ladies Rock Camp Brasil que trabalham com a autoestima, solidariedade entre mulheres, emponderamento feminino e transformação social. Pra mim são a prova viva de que é importante e fundamental ir além.

5. Quais são os próximos planos?

Bom de momento estamos bastante focados em mais 2 projetos que eu gostaria de ressaltar: um é uma banda nova de Punk rock que juntou 2 Anarcopunks e 2 Punks Straight Edges e que se chama Absencers. Estamos depositando toda nossa energia nas composições e ensaios. O outro é um projeto de comida caseira vegana e acessível que é o “Vaquinha Feliz Comida Vegana” no qual pretendemos que seja um embrião para sermos cada vez mais independentes tornando tudo isso nossa vida em 24/7. No “Hardcore choice” queremos viver um dia de cada vez e entrevistar pessoas incríveis como foi até agora. Obrigado pelo espaço é uma honra poder contar um pouquinho de como nos sentimos para pessoas que admiramos tantos. Nos vemos nos shows.

Que as nossas palavras tomem nossos corpos e mentes – n. 04

Que as nossas palavras tomem nossos corpos e mentes – n. 04

O que dizer de uma pessoa que transpira inspiração? Nessa quarta edição da entrevista, Ellen fala sobre saúde, autonomia, feminismo, empoderamento e um plano mirabolante para acabar com o patriarcado. Essa pessoa incrível sempre tem muita coisa a dizer!!

1. COMO VOCÊ VÊ A IMPORTÂNCIA DAS SUAS PRODUÇÕES PARA A COMUNIDADE EM QUE VOCÊ ESTÁ INSERIDA?

A Bruxaria Distro é o nome que dei a um projeto que já venho desenvolvendo há bastante tempo que tem a ver com despertar a reflexão sobre a autonomia da saúde e o que isso tem a ver com o sistema político que estamos inseridas. A importância disso está em trazer para um nível micro, íntimo e pessoal as revoluções e utopias que almejamos para nossa sociedade, ou seja, trazer para nosso cotidiano e vida prática novas formas de relação com nossos corpos, saúde e busca pela autonomia. Parece que soa um pouco ingênuo e careta dizer que precisamos conhecer nossos corpos e como cuidar deles como parte de uma construção política, mas faz parte da construção de uma sociedade livre e horizontal saber lidar com a saúde e manutenção de nossas próprias vidas. A visão que temos da saúde é construída e dominada pela instituição médica, que é patriarcal, branca e elitizada, e não cabe todas as formas de estar saudável.

2. ACHA A EXISTÊNCIA DESTA COMUNIDADE ESSENCIAL? PORQUE?

Sim, pois somente com uma comunidade forte podemos propor mudanças maiores e demonstrar que há outras formas completas e complexas de organização que pode dar certo. Além de ser nosso próprio campo de experienciar outras formas de relação com as pessoas, com o ambiente, com outros ciclos e formas de viver.

3. COMO VOCÊ ENVOLVE O SEU PROJETO, AS SUAS PRODUÇÕES, NO SEU COTIDIANO, NA SUA VIDA?

Atualmente estou terminando a graduação em Obstetrícia, que é uma faculdade que forma parteiras diplomadas. Relutei muitos anos em entrar numa instituição universitária para obter conhecimento, mas hoje vejo que fiz a escolha certa para ter acesso maior (mesmo que institucionalizado, burocratizado e até mesmo algumas vezes defasado) ao universo dos cuidados em saúde das mulheres, não somente no período da gestação e parto. Essa foi uma das possíveis formas que encontrei em me aprofundar num assunto que gosto e que possa trazer à vida prática de minha comunidade, a minha própria vida e à de mulheres que tenho contato em meu trabalho, o questionamento sobre saúde, autocuidado, machismo, racismo, homofobia, direitos sexuais e reprodutivos, aborto, etc. Ou seja, meu projeto político não está separado em nada do que faço, não vejo separação entre a distro, meu trabalho com saúde das mulheres, o coletivo que faço parte (Ativismo ABC/Casa da Lagartixa Preta), projetos que eventualmente apoio/participo (por exemplo, o Para Mudar Tudo).
Procuro fazer minhas produções e as produções que distribuo na Distro (materiais de saúde feminina, zines, livros) chegarem para fora de nosso círculo de convivência também, para dialogar com o máximo de pessoas possíveis.

4. VOCÊ ACHA IMPORTANTE IR ALÉM DO PUNK/HARDCORE/ANARQUISMO E CHEGAR COM SUAS IDEIAS PARA OUTRAS PESSOAS?

Com absoluta certeza sim, e é justamente o que tento fazer. Reconheço que algumas questões ainda devam ser mais específicas no debate “interno” deste círculo, inclusive porque temos uma comunicação e interação muito ruim, muito fraca entre os grupos e espaços, que muitas vezes nem sabem da existência do outro, o que fazem, como vivem, suas propostas, suas práticas. Acredito que ambas coisas devem ser feitas ao mesmo tempo: trabalhar para expandir o debate e debater “entre nós” (com muitas aspas hehehe) sobre objetivos comuns que existam.

5. QUAIS SÃO OS PRÓXIMOS PLANOS?

Estou planejando lançar na Feira do Livro Feminista de Porto Alegre, em outubro/novembro, dois fanzines sobre saúde, finalizar os últimos retoques do meu site que tem uma biblioteca online, blog, relatos de experiências, loja online, que foi muito suado para fazer (sem a ajuda da querida Andreza da No Gods, não estaria pronto de jeito nenhum), e finalmente organizar algumas oficinas para oferecer em qualquer lugar que queira receber/trocar!
Ah, e acabar com o patriarcado.

Que as nossas palavras tomem nossos corpos e mentes – n. 03

Que as nossas palavras tomem nossos corpos e mentes – n. 03

Nesta edição o bate papo foi com Augusto Miranda. Augusto é uma incrível pessoa com um espírito artístico fantástico, cantou em algumas bandas como O Mito da Caverna e Massacre em alphaville e desenha como ninguém, fez diversas capas de discos, artes para camisetas, ilustrações diversas…conheça um pouco de suas ideias e um pouco mais do seu trabalho.

Bom, fico meio sem palavras precisas pra demonstrar a alegria de estar nessa entrevista com vocês da NGNM! Nem é de agora que estamos juntos em diversos trabalhos, essa conversa aqui, pra mim, meio que vem coroar nossas etapas até esse ponto!

1. COMO VOCÊ VÊ A IMPORTÂNCIA DAS SUAS PRODUÇÕES PARA A COMUNIDADE EM QUE VOCÊ ESTÁ INSERIDO?

hmm… olha só, acho que a coisa mais justa MESMO a fazer é focar na importância que eles vêm tendo pra mim, entende? Isso, pra evitar cair em qualquer prepotência!
Tanto nas bandas em que participei, quanto com as ilustrações – que têm sido um de meus maiores momentos até aqui, é minha visão de mundo, o que aceito e quero produzir, entende?
Por muitas vezes os trabalhos não são “diretamente panfletários”, contudo, nem saberia te dizer se veria algo criado das minhas mãos reforçando aqueles padrões básicos de mercado, do tipo que reforça o “eixão” de galã de hollywood ou de novela das oito (A saber: “Homem-Hétero-Branco-Classe Média-Meia Idade-Cristão”); não tenho interesse em me dedicar a algo que contribua com mais piadinha ou seja lá o que for que rebaixe a homossexualidade, a figura feminina, as etnias que tão sempre postas abaixo do “eixão” e mais coisas assim… Na verdade mesmo, acho incrível quando tropeço em gente envolvida com o meio underground dando dessas! Porque pra isso, pra atacar etnias, promover a violência contra homossexuais, rebaixar a figura feminina, já temos a bíblia há tanto tempo (E ela vem dando tão certo nessas tarefas!)
Não gosto desse lance de “Arte pela arte”, sabe? É um dos pontos em que me sinto meio frustrado com o que produzo. ALGUÉM PRECISA SAIR MACHUCADO com o que a gente produz! Não sinto que eu venha tendo o sucesso que gostaria com isso…
Acho que essa deve ou deveria ser a importância do que produzo, viu… Questionar, trazer luz sobre esses casos de dominação, de poder, de violação…

2. ACHA A EXISTÊNCIA DESTA COMUNIDADE ESSENCIAL? PORQUE?

Bom, embora a coisa toda do punk (seja lá quais forem as vertentes) ainda grite dentro das minhas células, minha “identificação-mor” está nesses circuitos periféricos, sabe…? A coisa da Senhora Maria e Senhor José na lida cotidiana – creio que uma das razões de ter ingressado na coisa toda da área da Educação tem bem a ver com isso!
Assumo mesmo, não ponho fé em revolução armada, não nuns dias tontos feito esses em que o capitalismo incutiu vícios complicadíssimos nas gentes. Se houver algum revolução, ela vai acontecer por vias educativas. Seja com a gente infestando cada sala de aula, cada página na internet, cada porão com artes sonoras e visuais, cada setor de cada empresa…De resto, só seríamos (somos?) como os povos das regiões de fronteiras descritas por Orwell no “84”, que mal sabiam qual era o novo senhor que tinham então…
Considerando a teimosia em não se desintegrar em seu espírito e seu corpo, considerando a personalidade forte, vigorosa desses povos periféricos (que gestam dentro de si TODAS AS CULTURAS e formas de socialização e expressão!) já nem diria que são “essenciais”, mas diria que são “ESSÊNCIA”! São o motivo em si pra tudo e são a ferramenta pra justificar esses motivos.

3. COMO VOCÊ ENVOLVE O SEU PROJETO, AS SUAS PRODUÇÕES, NO SEU COTIDIANO, NA SUA VIDA?

Quanto às bandas e que passei, muito obviamente não haveriam modos de lucrar dinheiro com elas (hahahahah) nem nunca houve a menor pretensão! Também não são, não foram mero hobby. Tem “aquele algo” que parece só passar por esse canal, sabe..? (de certo vocês da NGNM sabem bem! hahahahaha) – Só isso explica como gente feito eu, sem musicalidade alguma se meteu nisso tudo….
Quanto às ilustras, hoje elas estão bem mais presentes em meu cotidiano, e já bem vinculadas nesse nosso underground “tão querido e tão odiado”. Foram cerca de dez anos ilustrando, diagramando na faixa mesmo e abrindo o jogo: Queria muito poder continuar assim, mas enfim consigo pagar algumas contas com o tempo em que me dedico sobre o papel! Claro, não chove grana – não mesmo, na verdade, tenho vivido no volume morto (“hahaha”) – mas ser dono do meu horário, meu ofício, meu TUDO é indescritível! Sérião! (costumo brincar de modo bem ácido que “não preciso mais de patrão pra passar fome, já passo fome por conta própria”)
Bem legal tem sido poder também entrar em alguns projetos de caráter mais voluntário mesmo, poder auxiliar algumas causas com esse meu pouco que sei e consigo fazer; poder me custear assumindo a parte criativa de lançamentos sem ter que ferir aqueles princípios mais pessoais que mencionamos ali em cima! E mais ainda: Só entrar de cabeça em trabalhos que reforcem essas nossas crenças!

4. VOCÊ ACHA IMPORTANTE IR ALÉM DO PUNK/HARDCORE/ANARQUISMO E CHEGAR COM SUAS IDEIAS PARA OUTRAS PESSOAS?

Eu nem acho importante, viu…
Acho ESSENCIAL! Fatalmente nossas ideias mais preciosas de apoio mútuo vão se sufocar, como acontece de fato, se não levarmos elas pra germinarem em outros cantos. Dentro da mesma panela, difícil de essas ideias expandirem bem suas raízes, tem que sair dali…
Sabe que eu fico pensativo aqui e agora, se não foi por coisa assim que de repente, lá bem atrás, não tivemos redes tipo a c&a fazendo uso da cara de “malvadão” do punk pra lucrar desgraçadamente numa cooptação monstruosa… Na medida em que havia sim um certo fechamento (mas não generalizado), ele não pôde se apresentar, o punk não pôde apresentar suas ideias mais caras de horizontalidade, de autonomia, de apoio mútuo… Bom, fico aqui com a divagação.

5. QUAIS SÃO OS PRÓXIMOS PLANOS?

Olha, enfim ingressei em uma faculdade de Artes Visuais (licenciatura!) pra poder vincular essa produção mais pessoal com o que podemos produzir junto a alunada, saca? Claro, é uma faculdade bosta mesmo que seja dotada de professores maravilhosos (mas é melhor nem entrar em detalhes aqui, pois nós entraríamos pela vereda de toda a problemática “setor privado versus setor público” e pra quem está destinada a maioria das vagas desse segundo e também a eficácia da grade curricular e mais uma porrada de outras coisas…), mas o que quero mesmo é o aval seja lá qual for pra estar efetivamente dentro de sala de aula com eles e com esse tema pra trabalharmos!
Isso aí, bom frisar, vai me pôr trabalhado umas 29 horas por dia, mas ao menos será em cima dos dois afazeres que mais amo nessa vida 🙂 (Claro, se der certo! Pode muito bem não dar! rs)
Gente, eu sou do tipo de aluno mala, colado em mesa de professor, sacam? (o que deve ser assustador pra eles, né… alguém de mais de dois metros e com tatuagens horrorosas colado em você não é lá muito tranquilizador, rs) Quero e espero mesmo aprender o máximo possível de coisas e somar com algumas oficinas e demais relacionados, pra, além do que vou obtendo com meus estudos e pesquisas pessoais, poder render cada vez mais nessas duas áreas pra onde essa coisa do punk me atirou sem retorno:
Lecionando e Ilustrando!

Que as nossas palavras tomem nossos corpos e mentes – n. 02

Que as nossas palavras tomem nossos corpos e mentes – n. 02

Que as nossas palavras tomem nossos corpos e mentes vem esta semana com uma entrevista muito legal com Geise, guitarrista do Nervo e do Absencers, editora do programa de entrevistas Hardcore Choice e uma ótima cozinheira vegana que agora mantém o Vaquinha Feliz comida vegana. Bem, vamos lá conhecer um pouco mais suas opiniões…

Que as nossas palavras tomem nossos corpos e mentes…

1. COMO VOCÊ VÊ A IMPORTÂNCIA DAS SUAS PRODUÇÕES PARA A COMUNIDADE EM QUE VOCÊ ESTÁ INSERIDO?

Sou guitarrista, tenho banda, participo de organização de shows de bandas punk/hardcoreindependentes na minha cidade e região.
E atualmente faço a filmagem e edição de um projeto de entrevistas em vídeo chamado “Hardcore Choice”.

Como guitarrista e mulher acho importantíssimo mostrar que existem mulheres que curtem punk/hardcore e que elas podem sim tocar um instrumento e ter uma banda, mesmo que seja com meninos. Meu interesse em aprender a tocar foi porque tive oportunidade de ver e acompanhar bandas com meninas, então espero que eu esteja fazendo o mesmo com as meninas que tenho contato.

Quanto a organizar shows, além de também influenciar outras pessoas a organizarem seus próprios shows, acho importante também mostrar pra galera local que existem ótimas bandas no Brasil, e que elas são formadas de pessoas comuns como nós, que podemos nos relacionar, trocar idéias e criar uma amizade com essas pessoas. Assim se cria um espaço em que as pessoas tenham vontade de participar ativamente, montando bandas ou produzindo algum tipo de material.

O Hardcore Choice foi criado por uma necessidade de resgatar um pouco a essência do feeling do punk/hardcore, compartilhando idéias, como pensamos e como vivemos ao longo dos anos. Então entrevistamos pessoas com quem nos identificamos. Também acho importante passar isso para comunidade em geral.

2. ACHA A EXISTENCIA DESTA COMUNIDADE ESSENCIAL? PORQUE?

Sim, muito. Pelo menos pra mim, me sentiria gritando numa guerra sozinha se não existisse. Vejo ela como uma pequena resistência entre tudo.

3. COMO VOCÊ ENVOLVE O SEU PROJETO, AS SUAS PRODUÇÕES, NO SEU COTIDIANO, NA SUA VIDA?

Na verdade ainda não envolvo muito, Infelizmente eles ainda são minha forma de fugir do cotidiano, mesmo considerando que é a parte mais importante da minha vida.

4. VOCE ACHA IMPORTANTE IR ALÉM DO PUNK/HARDCORE/ANARQUISMO E CHEGAR COM SUAS IDEIAS PARA OUTRAS PESSOAS?

Sim acho importante ir além, mas eu particularmente não gosto de chegar com as minhas ideias para as pessoas sem que elas se manifestem, até porque não gosto de quem chega pra mim descarregando as suas sem eu perguntar. Eu prefiro continuar com as minhas ações e elas por si próprio provoque o interesse das outras pessoas.

5. QUAIS SÃO OS PRÓXIMOS PLANOS?

Ensaiar, gravar e tocar muito com minha nova banda. E conseguir mudar o jogo na minha propria vida, fazendo com os meus projetos e produções sejam 90 ou 100% dela. Voltar a escrever meu e-zine e também trabalhar com comida vegana.

Última entrevista feita pelo Harcore Choice

Que as nossas palavras tomem nossos corpos e mentes – n. 01

Que as nossas palavras tomem nossos corpos e mentes – n. 01

Começamos uma série de entrevistas para o site da No Gods No Masters e para uma versão em papel também, como todo zine deve ser.

Pessoas, bandas, coletivos, espaços, estão recebendo as mesmas perguntas e pouco a pouco vamos divulgando suas respostas e tendo uma noção maior de como estamos pensando e conhecendo melhor uns aos outros. Se você tiver vontade de responder esta entrevista e tiver o que falar, escreve pra gente.

Que nossas palavras tomem nossos corpos e mentes.

A primeira entrevista é com Renato Disangelista, ele nos fala um pouco do que anda fazendo. Disangelista é baterista, tatuador, desenhista, um dos melhores escritores que já conhecemos, zineiro e um grande amigo. Vamos lá?

1. COMO VOCÊ VÊ A IMPORTÂNCIA DAS SUAS PRODUÇÕES PARA A COMUNIDADE EM QUE VOCÊ ESTÁ INSERIDO?

Se produções forem os projetos nos quais me envolvo criando, planejando ou cooperando, tudo o que faço ou tenta compartilhar informações e ferramentas para a construção de uma sociedade mais livre ou tenta questionar e dividir as dúvidas e angustias com quem acho que pode se interessar. Nos comunicando e fazendo chamados podemos dar o primeiro passo para estarmos mais fortes frente a um mundo tão injusto: nos encontrar.

2. ACHA A EXISTÊNCIA DESTA COMUNIDADE ESSENCIAL? PORQUE?

Acho as comunidades de que participo (anarquismo, punk) importantes mas não “essenciais” no sentido restrito. Elas são importantes porque são meios, redes ou plataformas onde formas de vida libertárias (e não estilos de vida) podem surgir para nutrir nossas necessidades da vida enquanto nos encontramos e nos fortalecemos. Mas não acho que é útil ou estratégico nos apegar a um certo meio cultural ou fechado em si. Isso muitas vezes torna difícil o diálogo com outras pessoas na medida em que mantém conhecimentos, linguagens e privilégios dentro dos mesmos grupinhos – ou mesmo classes. Sem falar que além das sub-culturas urbanas de resistência, existe uma infinidade de culturas milenares de resistência, como os povos que habitam esse continente desde antes da invasão europeia. Prefiro ver as sub-culturas como a rachadura que dará origem a culturas inteiras quando esse império estiver para cair.

Occupy Gezi Park

3. COMO VOCÊ ENVOLVE O SEU PROJETO, AS SUAS PRODUÇÕES, NO SEU COTIDIANO, NA SUA VIDA?

Tento sempre organizar minha vida para que meu cotidiano e minha política não sejam separadas. Desde a forma como vou morar com as pessoas, comer ou me relacionar, como vou ganhar a vida, como conseguir dinheiro ou qualquer recurso. Na prática isso significa viver com o mínimo possível para otimizar meus recursos e tempo para que me associe com outras pessoas interessadas em se organizar. É sempre um ciclo onde o fracasso faz parte do plano.

4. VOCE ACHA IMPORTANTE IR ALÉM DO PUNK/HARDCORE/ANARQUISMO E CHEGAR COM SUAS IDEIAS PARA OUTRAS PESSOAS?

Isso sim é essencial, como disse acima. Esses meios são o laboratório onde acumulamos experiências que, se não forem compartilhadas, vão para cova conosco ou vão acelerar nosso caminho pra ela.

5. QUAIS SÃO OS PROXIMOS PLANOS? ENVIE LINKS E FOTOS!

Por enquanto o que mais me ocupa é o projeto colaborativo Para Mudar Tudo que tá na corrida pra sua segunda edição brasileira, pedino doações e apoio para se manter gratuito e acessível. É um projeto que rompe fronteiras nacionais, culturais e das sub-culturas para falar com todo o mundo – quase que literalmente. A ideia é divulgar o anarquismo como ideia e a anarquia enquanto prática mais comum, acessível e viva do que muita gente pensa. Fico feliz de ter a sorte participar de um coletivo como esse.

Um vídeo seria o vídeo do próprio projeto, que não canso de recomendar e pedir para que compartilhem mais e mais: https://vimeo.com/111304958

Se fotos forem qualquer uma, indico essa galeria de fotos de um figura que esteve nas revoltas de 2013 em Taksin Square, na Turquia, de caráter libertário, mas também nas de Kiev, Ucrânia, onde fascistas tomaram conta das ruas. Ambas são belas, chocantes, inspiradoras e medonhas imagens de um futuro não distante: http://www.barbaroskayan.com/photography/

Cebolinha infinita ou, como nos livrar pouco a pouco do capitalismo.

Cebolinha infinita ou, como nos livrar pouco a pouco do capitalismo.

Normalmente quando compramos um maço de cebolinha cortamos as folhas para cozinhar e  jogamos fora a raiz. Isso, para quem ainda tem o habito de cozinhar pois, ultimamente temos ouvido muitas pessoas dizendo que já nem tem tempo mais para cozinhar e por isso  desistiram de ter fogão em casa.

Ficamos pensando aqui conosco que se já não temos tempo algum para cozinharmos para nós e para as pessoas que gostamos, o que estamos fazendo com o nosso tempo? Na verdade a pergunta deveria ser: o que estão fazendo com o nosso tempo?

Mas bem, voltemos a cebolinha. Você sabia que mesmo depois de tirar as folhas da cebolinha a raiz pode ser plantada? E que ela vai viver e dar novas folhas em bem pouco tempo? Sim, isto é verdade, fazemos  isto aqui em casa e sempre funciona muito bem. Temos sempre cebolinha fresquinha e a cada renovação de folhas o gosto fica ainda melhor. Afinal, nem todo mundo consegue ter hortaliças livres de pesticidas e a cada nova geração ela fica ainda mais limpinha.  

O que isto tem em comum com nos livrar do capitalismo? 

Veja bem, estão nos ensinando a sermos bons consumistas e já nem notamos quando jogamos fora uma raiz que pagamos por ela e que pode nos alimentar mais vezes. 

Estamos vivendo uma era de consumo sem questionamento e , mesmos nós, questionadores de tudo e de todos, temos enraizado dentro de nós o consumo que aprendemos pouco a pouco durante toda a nossa vida.

Um exemplo: Outro dia um amigo se dispôs a cozinhar aqui em casa para todas as pessoas e ele queria fazer um prato com erva doce e por isso queria ir ao mercado. Lhe dissemos que ele podia olhar no canteiro se não teria erva doce e tinha. Quando olhamos, ele insistentemente tentava retirar toda a planta, com raiz e tudo. Perguntamos se ele precisaria de toda a planta e inclusive da raiz e ele nos respondeu que quando comprava no mercado ela vinha com raiz e tudo mas que normalmente  ele jogava a raiz fora. Pedimos a ele que pegasse apenas o que iria usar e ele assim fez, a comida ficou deliciosa e a erva doce continuou linda e crescendo cada vez mais, fizemos muitos chás e novos pratos com ela posteriormente.

O que notamos foi que estamos mesmo acostumando com a forma como o capitalismo nos apresenta as coisas e isso se reflete em tudo ao nosso redor. Tudo é comprável e ao mesmo tempo tudo é descartável. A nossa comida, a forma como moramos, a forma como vivemos e a forma como nos relacionamos.

Portanto, pense em um prato delicioso que um dos ingredientes seja cebolinha, retire as folhinhas, guarde a raiz, aproveite cada minuto da sua refeição, convide amigos e amigas, ria, sorria, faça sorrir e depois encontre um vasinho, ou caixote de feira, encha de terra e enfie esta raiz uns dois centímetros dentro da terra, deixe num local bem iluminado, de preferencia com luz natural (do sol, não de lampadas que imitam o sol) e olhe para ela todos os dias.  Sempre que precisar de cebolinha, retire apenas as folhinhas que precisará. E se você não tiver tempo para olhar para ela todos os dias, está na hora de você repensar o que escolheu para a sua vida.

Ahh, não se esqueça de regar sua plantinha, assim como com as pessoas, se cuidarmos bem sempre contaremos com elas.

Nos vemos nas cozinhas da vida.

Ahhhh a cebolinha e seus beneficios:

      1. A cebolinha possui vitamina A que é importante ao nosso organismo por atua como anti oxidante, fortalece o sistema imunológico , melhora a visão e ajuda no crescimento do cabelo.
      2. Outra vitamina importante presente na cebolinha é a vitamina C que ajuda na prevenção de muitas doenças e retarda o envelhecimento.
      3. Além das vitaminas, na cebolinha ainda é possível encontrar minerais como cálcio e fosforo e também a niacina que estimula o apetite e deixa a pele mais bonita

Receita simples e deliciosa:

Purê de batata com cebolinha.

Ingredientes

3 batatas médias (batata mesmo, nada de pó de batata desidratada, evite embalagens, comida não nasce dentro de sacos)

5 folhas de cebolinha (olha ai a chance de você ter uma raiz de cebolinha para iniciar seu plantio)

2 dentes de alho (dentes mesmo, não é aquele tempero sabor alho, ok?)

Azeite

Sal

Água (importante ter certeza que este ingrediente está disponível em épocas de racionamento)

Modo de fazer

Coloque uma música que você gosta bastante.

Lave as batatas e coloque-as na água com sal a  gosto e com a casca mesmo. Cozinha-las com casca faz com que a textura dela fique super cremosa.

Deixe cozinhar por 30 minutos ou até você notar que ela está bem molinha. Enquanto isso convide alguém para comer com você.

Retire as batatas e com a ajuda de um garfo, retire a casca e amasse, com o mesmo garfo.

Pique a cebolinha e o alho.

Em uma frigideira coloque um pouco de azeite, o alho picado  e espere começar a dourar e coloque a cebolinha e assim que o alho estiver douradinho jogue o purê de batatas na frigideira e vá misturando tudo até que esteja tudo bem misturado. 

Pronto, desligue o fogo e sirva.

Bom apetite e não se esqueça das suas raizes.

Serigrafia faça você mesma

Serigrafia faça você mesma

Video-aula sobre os processos que envolvem a montagem do quadro, a revelação da tela, e por fim a estampa da arte em tecido. Uma produção punk faça-você-mesmx!

Gravando seu disco

Gravando seu disco

Cansadx de esperar que alguém lance o disco da sua banda?

Então, que tal fazer isso você mesmo?

Sim!! Isso é possível, aliás além de possível é o melhor a ser feito.

O punk surge exatamente com essa mensagem: Faça você mesmo! E isso tem motivos políticos, econômicos, prazerosos, além de ser totalmente palpável.

Podemos nos aprofundar em todos estes motivos e escrever linhas e linhas sobre cada um deles, com todo o prazer, mas aqui vamos tentar ir direto ao ponto. Vamos partir do ponto que você já tem a sua banda e está bem ensaiado, com uma ótima ideia do que quer ter em mãos.

– Você tem algumas opções para gravar suas musicas:

A primeira opção é um estúdio que te cobra por hora ou por musica gravada;

A outra opção é você ir aprendendo a gravar em casa mesmo, caso você tenha um equipamento razoável. Hoje em dia já se consegue boas gravações com um bom computador e uma ótimanoção de gravação.

Vale lembrar que quanto melhor sua gravação mais você conseguirá transmitir o que deseja e será melhor entendidx.

– Pense que um disco tem um tempo máximo que pode ser colocado nele, um 7? EP cabem 6 minutos de cada lado, um 12? LP cabe 20 minutos de cada lado e isso incluí o espaço entre as musicas. Se o tempo de gravação passar disso seu disco poderá perder bastante qualidade, pois isso afeta graves, agudos e volume. Então é bom pensar direitinho em quanto tempo você precisa para colocar suas musicas.

– Durante a gravação informe ao técnico que isso será lançado em vinil, ele ajustará frequências para soar melhor no seu disquinho.

– Ainda no estúdio peça para colocar as musicas já na ordem que sairá no disco e você deve nomeá-las da seguinte forma:

1a – titulo
2a – titulo
1b – titulo
2b – titulo
 

– Faça uma master (arquivos que serão enviados para a fabrica) tanto em cd ou em arquivo digital tipo .wav, ouça diversas vezes, em diversos aparelhos diferentes e veja se está do jeito que você realmente gosta.

Na maioria das vezes é legal enviar para alguém masterizar, isto é um processo que dinamiza frequências, volume, brilho da sua gravação. Após este procedimento você já poderá enviar suas músicas para a fabrica.

No Brasil, alguns estúdios fazem este trabalho mas temos utilizado a Mammoth Sound que tem feito ótimos trabalhos com bons preços.

Ahh!! Não se esqueça dos rótulos que vão colados de cada lado do disco, você deve enviar isso junto com a sua master em arquivo pdf, cdr, jpg ou algum outro que a fabrica lhe informar.

– Agora vamos a fabrica, ela que vai colocar sua musica no plastico, no vinil. No Brasil só existe uma fabrica de discos, a Polysom e pelo mundo existem diversas outras. Na Alemanha a Flight13e nos EUA a Musicol Recording.

Veja como são feitos os vinis

Estas que achamos que tem um bom trabalho e um bom preço. No caso de fazer fora do Brasil você precisa pensar em como estes discos vão chegar até você, se por correio, por um amigo que esteja viajando ao exterior. Analise qual é a forma mais possível para você. Lembre-se que pelos correios seus discos podem ser taxados em 60% do valor nas alfandegas e isso é realmente caro.

Você tem a opção de fazer a partir de 300 copias do seu disco, mas quanto mais copias você faz menor o preço unitário e você conseguirá vender seu disco por um preço mais acessível.

– Após isso, enquanto seu disco fica pronto, que leva pelo menos 30 dias, você pode ir confeccionando a capa. Agora é a hora de abrir a mente, deixar fluir a criatividade e analisar suas economias, pois neste ponto você pode fazer capas super baratas e capas super caras. Papelão silkado, recortado, papel cartão com colagens, impressão em gráfica, xerox, stencil, disco somente na capa plastica com algo silkado, são diversas as opções para fazer sua capa, então você pode criar e achar a melhor para você. Inclusive mandar fazer tudo na mesma fabrica, seu disco já vem com capa , embaladinho…isso você escolhe.

– Ahhh, uma outra coisa, como este processo é um tanto custoso você pode convidar amigxs, selos, para dividir os custos e os discos também. O sistema cooperativo funciona super bem para lançar e distribuir discos.

– Bem, agora seu disco está pronto e é hora de você fazer ele chegar nas pessoas. Você pode, você mesmo distribuir e/ou pedir para as pessoas te ajudarem com isso, você pode deixar em alguns pontos de venda que confia, fazer trocas, enfim, fazer esse disquinho que te deu um bom trabalho chegar em mais pessoas.

Para nós o mais importante é mostrar que fazer o disco da sua banda é possível sim e que isso exige muito mais de você do que de outras pessoas.

Agora, pare de reclamar que ninguém se importa com a sua banda. Mãos a obra, lance seu disco você mesmo e com pessoas que estão ao seu redor.

A maior parte das bandas que conhecemos dentro do faça você mesmo, montaram seus próprios selos para lançarem suas bandas, para terem um sonho realizado, foi assim com o Dead Kennedys e Alternative Tentacles, Black Flag e SST, Minor threat e Dischord, Crass e Crass records, Sin dios e La idea, entre tantos outros selos que foram montados pelas próprias bandas.

A musica é a trilha sonora de nossas vidas e o controle dela deve estar em nossas próprias mãos.