Nesta edição vamos conversar um pouco com o Nelsinho!! Uma pessoa incrível que ficamos mais próximos por esses tempos e já nos ensinou muita coisa, além de ter trazido muita inspiração. Sua dedicação e sua paixão pelo Hardcore encata qualquer um! Leia e inspire-se!
1. Como você vê a importância das suas produções para a comunidade em que você está inserido?
Vejo da forma magica que funciona o “Faça Você Mesmo”. Você vê as pessoas produzindo coisas usando apenas seu esforço e força de vontade para produzir. E que vão impactar ou não de maneira incrível a vida de terceiros. Assim como mudou a minha vida, tanto em exemplos negativos e positivos e tem sido assim na minha vida nos últimos 17 anos. Lembro muito bem que quando vi outras pessoas que não tinham dinheiro assim como eu, montando bandas punks, isso me inspirou a também ter uma banda, isso em 1999. Em 2001 eu via os E-zines fazendo um trabalho horroroso de jaba imitando a “midia considerada tradicional”, isso me motivou a montar meu próprio e-zine e fazer diferente durante 10 anos. Em 2003 quando eu fui na primeira Verdurada e aquilo explodiu minha cabeça, mudou minha forma de ver o mundo e de como ser punk. E eu nem imaginaria que 9 anos depois eu iria organizar o mesmo evento na minha região. Isso não é magico?
2. Acha a existência desta comunidade essencial? Porque?
Eu acho que os modos de vida alternativos são essenciais partindo do preceito de que não aceitem a vida que nos é imposta. Porque o sistema tem ao favor deles as mais diversas formas de manipulação. O estado, a mídia, as religiões e o próprio jogo politico faz de nós pessoas nascidas e criadas dentro das periferias inimigas de nossos iguais, o povo contra o povo. Escuto aqui nas ruas do meu bairro pessoas reclamando de cotas raciais e de programas sociais como bolsa família, pessoas defendendo e repetindo o discurso do patrão aos montes
3. Como você envolve o seu projeto, as suas produções, no seu cotidiano, na sua vida?
Bom o punk é minha principal escola, onde eu me encontrei e decidi que iria fazer dessas convicções minha vida. O “Hardcore Choice” acaba sendo um aprendizado de trocas de vivencias que se reflete nas letras das minhas bandas, escolha de caminhos a seguir e por ai vai. Assim como o “Faça você mesmo” é emponderador o punk também é.
4. Você acha importante ir além do punk/hardcore/anarquismo e chegar com suas ideias para outras pessoas?
Eu acho que sim. Num coletivo do qual participamos entre 2012 e 2013 realizamos um projeto com oficinas de Veganismo popular, bate papos sobre álcool e drogas e shows nas periferias mais extremas de Sorocaba, lugares muito parecidos dos quais vivi e vivo. Onde vivem pessoas que moram em lugares esquecidos pelo estado e por todos, o interesse de adultos e crianças e toda a vivência ali presenciada foi uma coisa muito forte motivadora. Mas muito além do que isso que fizemos, um outro exemplo são dois projetos que acontecem aqui em Sorocaba: o Girls Rock Camp Brasil e o Ladies Rock Camp Brasil que trabalham com a autoestima, solidariedade entre mulheres, emponderamento feminino e transformação social. Pra mim são a prova viva de que é importante e fundamental ir além.
5. Quais são os próximos planos?
Bom de momento estamos bastante focados em mais 2 projetos que eu gostaria de ressaltar: um é uma banda nova de Punk rock que juntou 2 Anarcopunks e 2 Punks Straight Edges e que se chama Absencers. Estamos depositando toda nossa energia nas composições e ensaios. O outro é um projeto de comida caseira vegana e acessível que é o “Vaquinha Feliz Comida Vegana” no qual pretendemos que seja um embrião para sermos cada vez mais independentes tornando tudo isso nossa vida em 24/7. No “Hardcore choice” queremos viver um dia de cada vez e entrevistar pessoas incríveis como foi até agora. Obrigado pelo espaço é uma honra poder contar um pouquinho de como nos sentimos para pessoas que admiramos tantos. Nos vemos nos shows.